sexta-feira, 8 de julho de 2011

6 - Voltando ao presente - medo do futuro?-

Depois da longa conversa que tive com o presidente, desci até o térreo do prédio, onde pude pegar um pouco de ar (muito frio na verdade).
A neve consumia a cidade aos poucos, envolvendo a selva de pedra,
antes cinza, agora branca. Não havia ninguém pelas ruas a essas horas, afinal o vento congelante fazia até o mais hiperátivo ser humano ficar contido.
Dentre os poucos pensamentos que vinham na minha cabeça naquele momento, o que mais me alarmava era sobre o futuro de Vincent, afinal um garoto tão jovem quanto ele não merece passar por escolhas ou consequências tão complexas agora. Também me preocupa a situação de Dave, afinal, ser mordido por um vampiro "daquela raça" não é tão simples assim, e também quero saber o porquê de um vampiro desses estar atrás de dele, pois eles não atacam assim por mera diversão. De qualquer forma, o único jeito de tentar descobrir algo, é colher a informação da fonte mais óbvia, porém ainda não farei nenhum movimento quanto a isso antes de falar com Dave.
Acendi um cigarro enquanto me dirigia ao carro, sentia minhas mãos congelarem a cada segundo que ficava exposta a aquele vento. Finalmente no carro, dirigi em direção ao hospital onde Dave estava. Não era muito longe da associação, visto que é um hospital própio nosso, afinal, a existênçia de vampiros é um segredo a sociedade, não há condições de nos tratarmos num hospital comum.
Cheguei no hospital, onde fui recepcionada por um silencio mortal, até porque o lugar esta quase sempre vazio e possui uma ótima vedação acústica, o que torna impossível ter algum contato com o barulho que o vento fazia nas árvores. Subi até o quarto onde Dave estava. Sentado na cama assistindo televisão, parecia muito bem de saúde, porem seu semblante não era de felicidade.
Bati na porta, então ele me viu, incrivel como ele ainda não havia mudado aquele olhar terno e confortante que eu conheçi a muito tempo atras. Sem muita demora e ainda na porta eu começei a falar:
- Ola Dave, a quanto tem...
Antes de poder completar a frase, fui interrompida por um abraço muito forte e acolhedor de Dave, e com a voz serena de sempre foi dizendo:
- Jullie, por favor, cuida bem dele, nao deixe que ele se perca em furia ou sentimento de vingança, isso apenas destruira a alma dele.
Percebendo a lagrima que caia do meu rosto, se afastou um pouco até poder olhar em meus olhos, enxugou a lagrima com sua mão e continuou:
- Não se importe tanto comigo, você ja viveu nove anos longe de min... agora me tornei de fato seu inimigo, você sabe não é? o vampiro que me atacou não era um vampiro comun e eu certamente me tornarei uma marionete dele, quando eu perder meu lado humano... quero que você me mate.
Quando ele acabou de falar isso, aquelas palavras: "quero que você me mate" ficaram ecoando em minha cabeça por muito tempo, isso me fez sentir um certo odio, que transbordou em lagrimas e em um tapa na cara dele, depois falei:
- Seu idiota!! você acha que pra min é facil, é tao simples assim como você fala? eu nao sou capaz de apontar uma arma pra uma pessoa que eu amo tanto!! nao irei matar você mesmo que isso me custe a vida.. nunca mais diga uma bestira dessas ouviu??
Dave virou o rosto por um instante como se estivesse desapontado, mesmo assim insisti:
- Esta ouvindo?? não me ignore, nao ago...
Antes de eu poder concluir a frase, ele virou o rosto rapidamente e me beijou, isso me surpreendeu um pouco, afinal pensei que nesse meio tempo ele tivesse esquecido do passado. Enquanto ele me beijava, eu pude sentir as presas dele me machucando, até que fez meu labio sangrar, percebendo isso ele parou:
- Desculpe, desculpe nao pensei que fosse machucar você...
- Isso não foi nada, tonto.
Foi bom poder arrancar um sorisso dele, mesmo que por poucos segundos, mas depois ele voltou ao semblante normal e disse:
- Esse cheiro de sangue esta me provocando um pouco, acho melhor você ir embora, ainda nos veremos.
- É tem razão, nao quero me tornar sua presa, não hoje... vou indo, se cuida. amo você
Com um sorriso ele disse:
- Eu tambem... amo você.
E assim deixei o quarto dele, caminho em direção ao elevador. Eu estou feliz por ter visto ele de novo, e triste por não saber quando vou ve-lo novamente ou se vou ainda. Agora devo voltar para a associação e tomar conta de Vincent até decidirem sobre o futuro dele, o que particularmente, me preocupa muito...

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